Home / Acontece / Textos e Reflexões

Jesus, o Pão da Vida

João 6

Introdução

O João 6 é um capítulo mais extensos do livro, onde relata o discurso, considerado duro aos ouvidos, por muitas pessoas de sua época.

Na região de Tiberíades havia uma grande multidão que seguia Jesus por causa dos milagres que Ele operava.

Jesus viu a grande multidão e pergunta aos seus discípulos: onde compraremos pão? É um teste para que eles conheçam o nível de fé deles.

Felipe vai dizer que 200 dinheiros (denários) não são suficientes para alimentar tanta gente. Um dinheiro era o salário de um dia de trabalho de uma pessoa comum, equivalente a R$ 33. Felipe estava falando, portanto, de uma quantia significativa, equivalente a mais de R$ 6 mil, o que daria para comprar quase uma tonelada de pão. Mesmo assim, era pouco para que todos comessem.

Jesus operou o milagre da multiplicação, a partir de cinco pães e dois peixes.

Em seguida, passa para o outro lado do mar, onde liberta o ex-endemoninhado gadareno, quando retorna, desembarca em Cafarnaum, onde cura a mulher do fluxo de sangue e ressuscita a filha de Jairo, o príncipe da Sinagoga.

A multidão que o esperava na praia de Tiberíades percebe que Jesus não volta e decide busca-lo em Cafarnaum.

Quando a multidão encontra Jesus, pergunta: quando chegaste aqui? Jesus não responde essa pergunta, antes, Ele declara o que estava naqueles corações: Jesus respondeu-lhes e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. João 6:26.

Ao anunciar isso, inicia-se a pregação sobre o Pão da Vida.

Reações sobre o Pão da Vida

Quando Jesus afirma que é o pão da vida, notamos diferentes reações nos três grupos de pessoas:

Grupo Detalhe Reação
Multidão Grupo grande Procura Jesus apenas pelo pão da terra (cuidados deste mundo)
Maioria dos discípulos Grupo médio Recebe o pão da vida, mas, com suas restrições
Grupo dos 12 discípulos Grupo restrito Recebe o pão da vida, e não tem restrições

Orientação para trabalhar pela comida que não perece

Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou. João 6:27-29.

Quando Jesus fala para que eles trabalhem pela comida que não perece, eles perguntam “o que faremos para executarmos as obras de Deus?”. A resposta é simples e surpreendente: Que creiais naquele que me enviou.

Primeiro passo de qualquer pessoa que está preocupada com algo maior do que simplesmente comer e viver o dia-a-dia, é crer em Jesus.

Diferença entre o pão que veio do céu o Pão da Vida

Pensando nas coisas eternas, Jesus vai apresentar uma diferença entre os dois tipos de pão: que veio do céu e da vida.

O pão que veio do céu, o maná, não é o pão da vida. Há coisas que vêm do céu, que são temporais e passageiras. São bênçãos celestiais, sim, porém, têm data de validade e cumpre um propósito fim, que quando alcançado, termina.

O Pão da Vida, o Pão de Deus (Jesus) também desce do céu, porém, não como bênção passageira e temporal, mas, como permanente e eterna. Aliás, o pão do céu, não traz a bênção porque Ele, Jesus, é a bênção.

Isso quer dizer que ao receber uma bênção do céu, ficarmos temporariamente saciados, mas, a verdadeira bênção, que é Jesus, é eterna e o que realmente importa, e deve ser a nossa primeira preocupação.

Dá-nos sempre desse pão

As pessoas ainda não tinham percebido que Jesus apresentava-se a si mesmo como verdadeiro pão, e por isso, dizem “dai-nos sempre”, querendo dizer, Senhor dai-nos sempre a bênçãos celestiais que são temporais.

Por isso, Jesus vai dizer claramente Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. João 6:35.

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:38-40.

O pão do céu precisa ser dado sempre porque acaba, mas o pão da vida, Jesus, é dado uma única vez e nunca acaba.

Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. João 6:58.

Perigo de contágio da doença da murmuração e a disputa

Muitos, dentre os judeus, naquele momento mostravam resistência ao ministério de Jesus.

Jesus estava falando de comer sua carne e beber o seu sangue e eles não estavam compreendendo que Jesus dizia sobre tê-lo dentro de si como alimento e bebida. O alimento e a bebida entram no nosso sangue e fazem parte de nós. Tratava-se de uma comunhão indivisível.

Mas, muitos avaliavam o que Jesus disse usando mera racionalidade humana, ao ponto de não conseguir ouvir e entender, e ficar murmurando dentro de si e disputando com os outros. Jesus estava falando: palavras que eu vos digo são espírito e vida. João 6:63.

A murmuração e a disputa são comportamentos de falta de fé, que não só contaminam os autores, mas, também, muitos de seus discípulos:  

Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos? João 6:60,61.

Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. João 6:64.

Os murmuradores e os que disputavam conseguiram, por fim, o que fazem de melhor, enfraquecer o grupo.

Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. João 6:66.

Declaração de Pedro em nome dos 12 discípulos

Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente. João 6:67-69.

O Salmo 139, que fala da Onipresença de Deus, pergunta Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Salmos 139:7.

A questão agora, não é onde, mas a quem. O lugar não importa tanto, importa a Pessoa de Cristo. Aquela mulher samaritana falava de adorar ao Senhor no monte de seus pais e Jesus não falava de lugar, mas de atitude de um adorador.

A dizer “para quem iremos”, Pedro reconhece que não tem mais a quem ir, a não ser ao Senhor.

E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente. João 6:69.

Se o primeiro passo é crer em Jesus o segundo passo está revelado aqui, conhecer. Conhecer nos preserva de deixar de andar com o Senhor.

Aplicações práticas

1.     A Palavra aplica-se ao meu contexto

A pregação sobre o pão da vida, parte de um contexto onde a multidão o procurava para comer pão. O que eu aprendo disso?

Eu pertenço a uma comunidade cristã e a pregação sai de um contexto que estamos inseridos. Por isso, estou inserido neste contexto, e Jesus vai falar comigo neste contexto. Exemplo de Coríntios: pregações de Paulo sobre o contexto daquela igreja... e assim foi com as demais também.

Precisamos de maturidade cristã para entender que as ministrações na igreja, partem de um contexto da própria igreja. Provavelmente, o que o Espírito Santo está falando com a igreja aqui, é diferente do que está falando na igreja no Japão.

Quando me transformo num crente itinerante, não tenho fixação de lotação, possivelmente, vou ouvir palavras do contexto das igrejas onde visito, mas, não participo de nenhum daqueles contextos, porque simplesmente não sou de igreja alguma.

Ao ser de uma igreja, participo do contexto dela, e sou ministrado naquele contexto. Logo, não faz sentido ser crente sem contexto.

2.     Posso decidir a que grupo pertenço

Existem três grupos (multidão, grande parte dos discípulos, 12 discípulos):

  • Não posso ser dos três grupos.
  • Ao entrar em um dos grupos, eu me excluo dos outros dois. 
  • Não tenho como deixar de me enquadrar em um desses grupos.

Acontece que eu fui chamado para fazer a diferença dentro do grupo dos discípulos. Mas, ocorre que fui chamado e não obrigado, e essa verdade fica evidente na pergunta de Jesus: E vocês??

3.     Que pão é melhor pra mim?

O pão do céu é símbolo das bênçãos temporais que recebemos nesta vida. Ao receber uma bênção do céu, ficarmos temporariamente saciados, mas, a verdadeira bênção, que é Jesus, é eterna e o que realmente importa, e deve ser a nossa primeira preocupação.

O pão da vida é o próprio Cristo! Ao desejar o pão da vida, participo do seu sacrifício (minha vida torna-se o sacrifício vivo), porque começo a perceber que não pertenço mais a esse mundo, e serei repudiado por ele.

O pão da vida é a carne e o sangue de Cristo. Com o pão do céu, posso viver bem até o fim desta vida, mas, é o Pão da Vida que me permite viver para sempre. A questão é decidir se sou uma pessoa temporal ou atemporal.

4.     Perigo de andar de mãos dadas com a murmuração

Grande parte dos discípulos foram contaminados pelos judeus que murmuravam e contendiam uns com os outros. Conheces um murmurador feliz??

Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. 1 Coríntios 15:33.

A vigilância do crente compreende andar com pessoas espirituais, que conseguem enxergar os perigos e se afastar. Devemos ter cuidado com o veneno, com o fermento daqueles que não tem fé suficiente para viver uma vida agradável a Deus.

5.     Crer salva, conhecer transforma

Crer é o passo para a salvação, mas, conhecer, é o passo para a experiência. O ladrão da cruz creu em Cristo, mas, não teve tempo suficiente para conhece-lo, andar com ele. Recebeu a salvação, mas, não viu tudo o que foi feito no ministério terreno de Jesus, não viveu experiências.

Nós temos a oportunidade de viver experiências. Conhecer exige andar junto. Deus não nos força a andar com Ele. Mas, ao andar com Ele somos transformados. Ocorre que o ato de ser transformado, implica em deixar de ser dono da minha vida, para que o Senhor seja o meu dono.

Quando andamos com Jesus, vamos deixando nossos jeitos e preferências, abrindo mão de nosso eu, nossas vontades e valores, para que, o conhecendo, Ele seja conhecido por meio de nós.

Todo processo de transformação é dolorido.

a)     Na indústria

b)     Na construção civil

c)      Na natureza (ex.: metamorfose)

d)     Na vida com Jesus

Muitas pessoas pensam nisso e não almejam transformação. Elas pensam em pertencer ao mundo, e, ao término de suas vidas, se entregarem para Jesus. O problema é que elas não tem controle sobre esse evento.

A transformação de Deus sempre nos faz alguém melhor e mais agradável aos seus olhos. Todo processo de transformação de Deus no leva para ser alguém acabado, mais parecido com a pessoa de Cristo.

Apelo: Quê declaração vou dar para Cristo?

Cristo está aqui, nesta noite, esperando sua declaração. O que você tem a dizer para o Senhor?

  • Rabi, quando chegaste aqui? – Interesse em coisas temporais.
  • Duro é ouvir esse discurso, quem pode ouvir? – Limitações a Cristo.
  • Senhor, para quem iremos nós? – Entrega total. 

MARCELO DAVILA

Ver todos os textos e reflexões.