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Benção concedida pela graça especial

João 17:1-26

 

Introdução

A Oração Sacerdotal de Jesus foi proferida após a Última Ceia, antes da agonia experimentada por Jesus no Getsêmani. Trata-se de uma intercessão não somente pela vida dos discípulos, mas também por todos que futuramente viessem a crer em Jesus.

 

Em resumo, Jesus orou para que Deus guardasse os seus discípulos no mundo, e não os tirasse dele.

 

Nesta semana, li o texto de um pastor conhecido, Rev. Augustus Nicodemos, dizendo que nós evangélicos vemos a realidade dividida em duas categorias: as coisas de Deus e as coisas do mundo. Por achar interessante a aplicação, vou compilar bastante coisa que ele colocou neste valioso texto.

1.  Sabendo viver no mundo

Sabemos que que a Bíblia diz que o mundo é mal e odeia o cristão por causa da Palavra de Deus, como o próprio Jesus colocou em sua oração (v.14). O mundo jaz no maligno e é caracterizado pelos maus desejos da carne, dos olhos e do orgulho da vida (1João 5:19; 2:16).

 

Isso não quer dizer que Deus deseje que os seus discípulos saiam do mundo, mas, que aprendam a viver nele com sabedoria do céu. Jesus sendo santo, se assentou para comer com pecadores, para salvar alguns, sem se tornar um deles.

 

É muito interessante fazer uma analogia entre essa questão com o conselho de Jeremias sobre o cativeiro, orientando o povo a orar pela paz da cidade. Jeremias 29:4-7.

2.  A misericórdia de Deus está agindo no mundo

Apesar de todo mal que o pecado provoca, Deus usou sua misericórdia, paciência e favor com a humanidade caída.

 

Olhando para o mundo ao nosso redor, percebemos que nele não existe apenas maldade. Descrentes e pessoas de fé contrárias à bíblia desfrutam de saúde, prosperidade e fazem descobertas médicas e científicas que tornam a vida mais fácil para todos.

 

Pessoas que não acreditam em Deus abrem creches, orfanatos, hospitais e fazem grandes doações para instituições de caridade.

 

Existem muitos descrentes que são mais honestos, sinceros e justos do que muitos evangélicos.

 

Os descrentes são capazes de escrever livros, fazer filmes, compor músicas e criar obras de arte que nos cativam e nos enchem de admiração.

3.  De onde vem o bem que encontramos neste mundo caído?

A resposta óbvia é Deus. Primeiro, Sua imagem (Imago Dei) permanece em cada pessoa, mesmo se caída e marcada pelo pecado. Segundo, Deus derrama bênçãos sobre a humanidade como um todo. Isso é o que chamamos de "graça comum", que são coisas boas que procedem do favor de Deus sobre toda a humanidade e que não vêm dos nossos méritos.

 

Os descendentes de Caim, filhos do perverso Lameque, desenvolveram a metalurgia, instrumentos de sopro e de corda e outras coisas que são boas para a humanidade (Gên. 4:20-22).

 

Jesus disse que "[Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos" (Mat. 5:45) e que Ele "é bondoso para com os ingratos e maus" (Lucas 6:35).

 

Paulo disse aos pagãos na cidade de Listra que "nas gerações passadas, Ele [Deus] permitiu que todas as nações seguissem seus próprios caminhos. Contudo, Ele não se deixou sem testemunho, pois fez o bem dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, satisfazendo o vosso coração com alimento e alegria" (Atos 14:16,17).

 

O livro de Salmos celebra a graça de Deus sobre todas as suas criaturas: O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras. Salmos 145:9; Os olhos de todos esperam em ti, e lhes dás o seu mantimento a seu tempo. Abres a tua mão, e fartas os desejos de todos os viventes. Salmos 145:15,16;

 

De acordo com Tiago, "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do

Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg. 1:17).

4.  A “graça comum”, que é dada ao mundo, é limitada

 

A "graça comum" é diferente da "graça especial" em vários aspectos. A graça comum não prepara o descrente para a salvação e não produz o perdão dos pecados; a graça especial faz isso.

 

A graça comum é dada a todos, a graça especial apenas aos crentes (salvação, perdão dos pecados e vida eterna).

 

A graça comum vem da misericórdia de Deus como criador, a graça especial flui do amor do Deus Redentor, baseada na morte de Cristo na cruz do Calvário por nossos pecados.

 

A graça comum nos permite nos relacionar com descrentes em áreas onde as verdades bíblicas não são comprometidas. Veja o texto 1 Coríntios 5:9,10.

 

A graça comum nos permite desfrutar de descobertas e invenções de descrentes, como as redes sociais, avanços médicos e descobertas tecnológicas.

 

A graça comum é o que nos permite apreciar obras de literatura, arte, música e filmes que não ofendem os valores cristãos e não nos levam a comportamentos pecaminosos.

5.  Aplicações práticas para vivermos no mundo

Neste mundo, o bem e o mal estão profundamente entrelaçados em tudo. Precisamos de discernimento e firmeza para rejeitar o mal e humildade e sabedoria para discernir o bem e desfrutá-lo com agradecimento.

 

5.1                      Não devemos colocar as coisas boas no trono do nosso coração

Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. João 17:2,3.

Olhando para a oração de Jesus, vemos que Ele pediu a Deus para nos guardar para a vida eterna, guardando o nosso coração da idolatria.

A idolatria não é restrita a um ídolo em forma de imagem, e sim a tudo o que desejamos que ocupe o lugar de Deus, é aquilo que amamos mais do que o próprio Deus, é aquilo que achamos ser mais importante de tudo que não seja Deus.

Muitos crentes já não desejam tanto a vida eterna por causa de coisas boas que desfrutam neste mundo.

5.2                      Guardar a Palavra de Deus

Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. João 17:14.

Você já viu como atua aquelas gangues de ladrões no centro movimentado de compras do Brás? Eles circulam a pessoa, roubam e passam os objetos para outros parceiros, e, depois, eles mesmos, ficam em torno da pessoa consolando-a, fingindo oferecer alguma ajuda, mas, para tomar tempo da pessoa em procurar verdadeira ajuda. O mundo faz o mesmo conosco.

Guarda o seu coração do desânimo. Na parábola do semeador, a semente que caiu no solo rochoso representa aqueles que ouvem a mensagem e, sem demora, a recebem com alegria. Contudo, uma vez que não têm raízes profundas, não duram muito. Assim que enfrentam problemas ou são perseguidos por causa da mensagem, cedo desanimam.

5.3                      Devemos sempre ser criteriosos ao usar as coisas deste mundo

Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. João 17:15,16.

 

"Mas ponde tudo à prova; retende o que é bom", disse Paulo (1Tes. 5:21).

 

Quando você leva sua prescrição médica à farmácia, você não investiga para saber se o laboratório que desenvolveu o antibiótico é de propriedade de cristãos ou não. Você agradece a Deus pela medicina e rapidamente inicia o tratamento.

 

Quando você vai comprar um carro, você olha para muitos fatores, mas não tenta descobrir se o designer era um crente quando ele projetou o modelo.

 

Devemos filtrar os conteúdos para usufruir de tudo o que não ofende os valores cristãos e não nos levam a comportamentos pecaminosos.

 

Na parábola do semeador, a semente que foi lançada caiu em diferentes solos e um deles era espinhoso, depois, Jesus explicou que os espinhos representam aqueles que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações desta vida, pela sedução da riqueza e pelo desejo por outras coisas, não produzindo fruto.

Considerações finais

A bênção da Salvação: quem tem só a graça comum não usufrui da especial. Quem tem a graça especial usufrui dela e da comum.

 

Fonte: Rev. Augustus Nicodemus Lopes, via Facebook, em 06/07/2023.

 

MARCELO DAVILA

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