Por que o justo passa por aflições?
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas. Salmo 34:19
I. Introdução
No AT Deus promete bênçãos e prosperidade a quem obedece à sua Lei. Mesmo assim, de par com esta promessa está a realidade que "Muitas são as aflições do justo".
Com isso, notamos o seguinte:
1. Crer em Deus e viver em retidão não nos isenta de problemas e sofrimentos nesta vida. Pelo contrário, a dedicação a Deus nos traz provações e sofrimentos. Referência Sermão das Bem Aventuranças, de Mateus 5. Está dito da parte de Deus que por muitas tribulações devemos entrar no seu Reino (At 14.22).
2. O sofrimento dos justos é atenuado pela revelação que o Senhor quer nos livrar de toda as nossas aflições. Uma vez cumprido o seu propósito ao permitir a aflição, Ele passa a nos livrar dela, ou pela intervenção sobrenatural direta nesta vida (cf. Hb 11.33-35) ou pela morte triunfante e o ingresso na vida futura (cf. Hb 11.35-37).
II. Por que os crentes sofrem?
O livro de Jó é sobre a história de um homem justo que sofreu. Os crentes sofrem!
Jó 2.7,8 "Então, saiu Satanás da presença do SENHOR feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço de te para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio cinza”.
A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida. Na realidade, Jesus ensinou que tais coisas poderão acontecer ao crente (Jo 16.33);
III. São diversas as razões por que os crentes sofrem:
1. O crente experimenta sofrimento como uma decorrência da queda de Adão e Eva. Quando o pecado entrou no mundo, entrou também a dor, a tristeza, o conflito e, finalmente, a morte sobre o ser humano (Gn 3.16-19). A Bíblia afirma o seguinte: "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram". Realmente, a totalidade da criação geme sob os efeitos do pecado, e anseia por um novo céu e nova terra (Rm 8.20-23; 2 Pe 3.10-13). É nosso dever sempre recorrermos à graça, fortaleza e consolo divinos (cf.1 Co 10.13).
2. Certos crentes sofrem pela mesma razão que os descrentes sofrem, ou seja, por consequência de seus próprios. A lei bíblica "Tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7) aplica-se a todos de modo geral. Se guiarmos com imprudência o nosso automóvel, poderemos sofrer graves danos. Se não formos comedidos em nossos hábitos alimentares, certamente vamos ter graves problemas de saúde. É nosso dever sempre proceder com sabedoria e de acordo com a Palavra de Deus e evitar tudo o que nos privaria do cuidado providente de Deus.
3. O crente também sofre, pelo menos no seu espírito, por habitar num mundo pecaminoso e corrompido. Por toda parte ao nosso redor estão os efeitos do pecado. Sentimos aflição e angústia ao vermos o domínio da iniquidade sobre tantas vidas (ver Ez 9.4; At 17.16; 2 Pe 2.8 nota). É nosso dever orar a Deus para que Ele suplante vitoriosamente o poder do pecado.
4. Os crentes enfrentam ataques do diabo. (a) As Escrituras claramente mostram que Satanás, como "o deus deste século" (2 Co 4.4), controla o presente século mau (1 Jo 5.19). Ele recebe permissão para afligir crentes de várias maneiras (1 Pe 5.8,9). Jó, um homem reto e temente a Deus, foi atormentado por Satanás por permissão de Deus. Jesus afirmou que uma das mulheres por Ele curada estava presa por Satanás há dezoito anos (Lc. 13.11,16). Paulo reconhecia que o seu espinho na carne era "um mensageiro de Satanás, para me esbofetear" (2 Co 12.7). À medida em que travamos guerra espiritual contra "os príncipes das trevas deste século" (Ef 6.12), é inevitável a ocorrência de adversidades. Por isso, Deus nos proveu de armadura espiritual (Ef 6.10-18; ver 6.11 nota) e armas espirituais (2 Co 10.3-6). É nosso dever revestir-nos de toda armadura de Deus e orar (Ef 6.10-18), decididos a permanecer fiéis ao Senhor, segundo a força que Ele nos dá. (b) Satanás e seus seguidores se comprazem em perseguir os crentes. Os que amam ao Senhor Jesus e seguem os seus princípios de verdade e retidão serão perseguidos por causa da sua fé. Evidentemente, esse sofrimento por causa da justiça pode ser uma indicação da nossa fiel devoção a Cristo. É nosso dever, uma vez que todos os crentes também são chamados a sofrer perseguição e desprezo por causa da justiça, continuar firmes, confiando naquele que julga com justiça.
5. De um ponto de vista essencialmente bíblico, o crente também sofre porque "nós temos a mente de Cristo" (1 Co 2.16 nota). Ser cristão significa estar em Cristo, estar em união com Ele; nisso, compartilhamos dos seus sofrimentos (1 Pe 2.21 nota). Por exemplo, assim como Cristo chorou em agonia por causa da cidade ímpia de Jerusalém, cujos habitantes se recusavam a arrepender-se e a aceitar a salvação (Lc 19.41), também devemos chorar pela pecaminosidade e condição perdida da raça humana. Paulo incluiu na lista de seus sofrimentos por amor a Cristo (2 Co 11.23-32; 11.23) a sua preocupação diária pelas igrejas que fundara: "quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me abrase?" (2 Co 11.29). Semelhante angústia mental por causa daqueles que amamos em Cristo deve ser uma parte natural da nossa vida: "chorai com os que choram" (Rm 12.15). Realmente, compartilhar dos sofrimentos de Cristo é uma condição os sofrimentos de Cristo é uma condição para sermos glorificados com Cristo (Rm 8.17). É nosso dever dar graças a Deus, pois, assim como os sofrimentos de Cristo são nossos, assim também nosso é o seu consolo (2 Co 1.5).
6. Deus pode usar o sofrimento como catalizador para o nosso crescimento ou melhoramento espiritual. (a) Frequentemente, Ele emprega o sofrimento a fim de chamar a si o seu povo desgarrado, para arrependimento dos seus pecados e renovação espiritual (ver o livro de Juízes). É nosso dever confessar nossos pecados conhecidos e examinar nossa vida para ver se há alguma coisa que desagrada o Espírito Santo. (b) Deus, às vezes, usa o sofrimento para testar a nossa fé, para ver se permanecemos fiéis a Ele. A Bíblia diz que as provações que enfrentamos são “a prova da vossa fé" (Tg 1.3; ver 1.2); elas são um meio de aperfeiçoamento da nossa fé. É nosso dever reconhecer que uma fé nossa fé em Cristo autêntica resultará em "louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo" (1 Pe 1.7). (c) Deus emprega o sofrimento, não somente para fortalecer a nossa fé, mas também para nos ajudar no desenvolvimento do caráter cristão e da retidão. Segundo vemos nas cartas de Paulo e Tiago, Deus quer que aprendamos a ser pacientes mediante o sofrimento (Rm 5.3-5; Tg 1.3). No sofrimento, aprendemos a depender menos de nós mesmos e mais de Deus e da sua graça (Rm 5.3; 2 Co 12.9). É nosso dever estar afinados com aquilo que Deus quer que aprendamos através do sofrimento. (d) Deus também pode permitir que soframos dor e aflição para que possamos melhor consolar e animar outros que estão a sofrer (ver 2 Co 1.4). É nosso dever usar nossa experiência advinda do sofrimento para encorajar e fortalecer outros crentes.
7. Finalmente, Deus pode usar, e usa mesmo, o sofrimento dos justos para propagar o seu reino e seu plano redentor. Por exemplo: toda injustiça por que José passou nas mãos dos seus irmãos e dos egípcios faziam parte do plano de Deus "para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento". O principal exemplo, aqui, é o sofrimento de Cristo, "o Santo e o Justo" (At 3.14), que experimentou perseguição, agonia e morte para que o plano divino da salvação fosse plenamente cumprido. Isso não exime da iniquidade aqueles que o crucificaram (At 2.23), mas indica, sim, como Deus pode usar o sofrimento dos justos pelos pecadores, para seus próprios propósitos e sua própria glória.
IV. O relacionamento de Deus com o sofrimento do crente.
(1) O primeiro fato a ser lembrado é este: Deus acompanha o nosso sofrer. Satanás é o deus deste século, mas ele só pode afligir um filho de Deus pela vontade permissiva de Deus. Deus promete na sua Palavra que Ele não permitirá sermos tentados além do que podemos suportar (1 Co 10.13).
(2) Temos também de Deus a promessa que Ele converterá em bem todos os sofrimentos e perseguições daqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos (Rm 8.28). José verificou esta verdade na sua própria vida de sofrimento (Gn 50.20), e o autor de Hebreus demonstra como Deus usa os tempos de apertos da nossa vida para nosso próprio crescimento e benefício (Hb 12.5).
(3) Além disso, Deus promete que ficará conosco na hora da dor; que andará conosco "pelo vale da sombra da morte" (SI 23.4; cf. Is 43.2).
V. Vitória sobre o sofrimento pessoal.
Se você está sob provações e aflições, que deve fazer para triunfar sobre tal situação? Tenha uma vida de relacionamento com Deus, para tudo suportar, até a redenção final. Mantenha seu coração íntegro em relação à confiança em Deus, que, como Jó, soube viver e sobreviver em tempos bons e ruins, sem culpar a Deus.
Fonte de apoio: Bíblia de Estudos Pentecostal.