Pr. Willibaldo R. Neto
“Pois quantas forem as promessas feitas por Deus, tantas têm em Cristo o ‘sim’. Por isso, por meio dele, o ‘amém’ é pronunciado por nós, para a glória de Deus.” [1 Coríntios 1.20]
Em toda entrevista de emprego, é o futuro que está em jogo: avalia-se as condições, capacidades e possibilidades de alguém para determinado emprego – se o avaliado será um bom funcionário, se poderá realizar o trabalho esperado, ou mesmo se realizará o trabalho corretamente. Quem contrata, portanto, o faz com uma expectativa futura sobre a pessoa contratada. Mesmo assim, porém, esta expectativa futura possui um firme fundamento no passado: ninguém contrata alguém sem conhecer aquilo que a pessoa já fez: seu currículo, seus empregos anteriores, os cursos que realizou, e até mesmo sua ficha criminal, servem como testemunho passado, que cria uma expectativa futura: afinal, é nossa fidelidade passada que fundamenta nossa confiabilidade futura.
O mesmo ocorre com a vida cristã: nossa expectativa futura a respeito das promessas de Deus, e mesmo a confiabilidade divina são fundamentadas naquilo que Deus já realizou por nós. Em outras palavras, é a graça passada que nos gera confiança na graça futura.
No Antigo Testamento podemos ver claramente esta relação em um tripé que fundamentava toda a educação judaica, formado por obediência, promessa e história. Na perspectiva judaica, a vida com Deus é expressa no cumprimento da Lei de Deus, ou seja, na obediência à vontade divina. A Lei, porém, sempre carregava consigo promessas futuras, ou seja, bênçãos decorrentes da obediência, tais como multiplicação, uma vida longa, etc. O que nem sempre se percebe, porém, é que além das promessas futuras, a Lei também tinha sempre outro elemento, que é a história, ou seja, o fundamento naquilo que Deus já realizou. É por isso que os dois primeiros livros da Bíblia – Gênesis e Êxodo -, mesmo sendo livros históricos (relatando as histórias de Adão e Eva, Noé, José, Moisés, etc), fazem parte do conjunto dos primeiros cinco primeiros livros da Bíblia que os judeus chamam de “Torá”, palavra hebraica para “Lei”.
No Novo Testamento, porém, não é a Lei, mas o próprio Jesus Cristo que unifica o passado (história) e o futuro (promessas): todos temos, mediante a vida, morte e ressurreição de Jesus, a promessa a respeito de nossa futura ressurreição e nova vida, em Cristo. Na nossa vida, porém, temos algo que une de forma prática o passado e o futuro, em Cristo: a oração. Por meio da oração, agradecemos pelo que Deus já fez na nossa vida (passado), e pedimos por novas bênçãos de Deus (futuro). Porém, de forma ainda mais profunda, Paulo nos lembra que nossa oração possui um elemento especial: Jesus Cristo, que é o “sim” e o “amém” de nossas orações. Ele é o “sim” de Deus para as suas promessas futuras para nós, e o nosso “amém”, ou seja, o nosso “sim” para Deus, por meio da oração.
Quando encerramos as orações com “Em nome de Jesus, amém”, podemos estar sendo não somente repetitivos – pois Jesus é o nosso “amém” -, mas também incoerentes com nossa oração: afinal, orarmos com o “amém” de Jesus significa não somente pedir a Deus sua graça futura, mediante suas bênçãos, mas também, necessariamente, reconhecer e encarnar a graça passada de Deus, que é a nova vida em Jesus Cristo. Tal como na educação do Antigo Testamento, as ações tanto passadas quanto futuras de Deus nas nossas vidas devem ser acompanhadas de um compromisso de obediência – reconhecendo o que Deus já fez nas nossas vidas, devemos agir de acordo com sua vontade, confiando que Ele fará o que é melhor para nós. A expectativa futura deve transformar a ação presente.
É fácil falarmos “amém” para as bênçãos de Deus que esperamos para nós. O difícil é falarmos “amém” para as consequências de transformação de vida, arrependimento e mudança, que a graça passada de Deus, por meio de Jesus, deve realizar em nossas vidas. Muitas vezes oramos somente pedindo, de olho nas bênçãos por vir. Para estas orações, todos dizemos “amém”, com firmeza e alegria.
Devemos orar, porém, para Deus nos fazer à sua imagem e semelhança, nos adaptando – mesmo que pela dor – à uma santidade radical, que nos foi concedida e possível por meio de Jesus. Dizer “amém”, portanto, é pedir a Deus que cutuque nossas feridas, a fim de nos limpar do pecado, mesmo que venha a doer. É aceitar a transformação de vida que Jesus oferece, mesmo que isso vire nossa vida de cabeças para o ar. E agora, será que posso ouvir um “amém”?
ORAÇÃO
Senhor, que venhamos sempre a proclamar as tuas maravilhas, e sempre pedirmos bênçãos para que venhamos a testemunhar e viver a tua glória, vivendo a liberdade do pecado que temos em Jesus Cristo. Amém!